Pu's são todos iguais?
Olá pessoal! Espero que estejam todos bem e seguros nesse momento tão difícil que estamos vivendo imersos na pandemia do novo coronavírus.
Bom, nessa semana de véspera de Natal, nosso assunto será sobre os selantes de poliuretano. É muito comum em uma obra o engenheiro, ou o mestre de obras solicitar para compras um "PU" para calafetar uma junta ou fixar algum substrato em outro. E para o comprador que recebe a requisição, PU é PU... E é normal que, ao fazer as cotações, preços completamente discrepantes serem enviados nas cotações dos fornecedores. É possível encontrar selantes de R$10,00 a R$100,00, acredite.
Mas, e aí? Como definir qual PU deverá ser usado? O de R$10,00 ou o de R$100,00?
Primeiramente, vamos colocar os pingos nos "is"... PU é abreviação de Poliuretano. E afinal, o que é Poliuretano?
Bom, poliuretano é basicamente um polímero, portanto, a matéria-prima principal de um selante a base de poliuretano. Em outras palavras, é a cadeia polimérica que sustenta a fórmula do fabricante.
No entanto, o polímero principal do selante costuma representar entre 10% a 20% da composição total do produto em peso. Logo, temos de 80% a 90% de outros componentes. E são esses componentes que vão trazer as diferenças de propriedades e desempenho entre os selantes.
É bem verdade que ainda não temos uma norma brasileira para classificar os selantes por aplicação, por desempenho ou por qualquer característica. Mas, em breve, no ano de 2021, a NBR ISO 11.600 deve entrar em vigor e dar uma padronizada nos selantes que estão no mercado nacional.
A nova norma de selantes no Brasil vai clarificar o local de aplicação e as classes de desempenho que podem ser alcançadas de forma a suportar os profissionais em relação ao tipo de produto que ele deve usar para sua demanda.
No entanto, atualmente, por falta de uma normatização, não temos ainda esse costume, de preocupar com quais propriedades queremos do selante quando precisamos adquirir.
Portanto, aqui listo algumas propriedades e ensaios de normas internacionais que considero importantes e devem ser observadas ANTES de adquirir um selante de PU ou até mesmo de silicone ou acrílico de forma a selecionar não pelo preço, mas, pelas suas propriedades:
- Capacidade de Movimentação (ASTM C 719): É a capacidade de o selante alongar considerando determinada área sem sofrer falha coesiva (rompimento do material) ou falha adesiva. Quanto maior o %, maior é a deformação elástica que o selante pode ter sem perder sua memória elástica.
- Módulo de Young (ASTM C 1135): Também chamado de módulo de elasticidade sob tração, é uma medida da razão entre a tensão aplicada e a deformação ocorrida no material antes da deformação plástica ou da ruptura.
- Dureza Shore A (ASTM D 2240): A dureza do material está relacionada à facilidade ou dificuldade de deformar a sua superfície. A escala SHORE A mede a dureza de alguns materiais. Cada tipo de material tem uma escala de dureza condizente às suas características. No entanto, muita gente escolhe de forma errada o selante somente por essa propriedade. Podemos ter selantes com a mesma dureza Shore A e com desempenho muito diferentes, portanto, ATENÇÃO!
- Resistência ao intemperismo (ASTM G 154): A durabilidade do selante pode ser avaliada pela exposição ao intemperismo natural ou sob condições de exposição em laboratório, sob a ação de ciclos de radiação ultravioleta, temperatura e umidade. É possível estimar o intemperismo natural, de forma acelerada. É necessário um equipamento com sistemas de radiação, temperatura e condensação.
- Manchamento do substrato (ASTM C 1248): Muita gente acredita que só silicones podem manchar pedras. É um engano comum. Existem vários componentes que podem ser adicionados à fórmula de um PU com capacidade de manchamento em substratos porosos. Portanto, o teste é necessário sempre que for selecionar um selante que irá vedar juntas de substratos porosos.
Bom, nem sempre você precisa observar TODOS os itens acima para a sua aplicação, mas por exemplo, caso vá utilizar um selante em uma junta de fachada é interessante calcular o quanto o selante deve suportar a deformação do revestimento, além da sua resistência ao intemperismo. Portanto, esses ensaios devem estar contidos na ficha técnica do selante que irá adquirir. Só assim o engenheiro conseguirá estimar a vida útil de projeto e prever o tempo de manutenção preventiva e corretiva para o selante escolhido.
Não dar a devida atenção a uma especificação correta de um selante de Poliuretano ou de outra matéria-prima pode trazer muita dor de cabeça.
Ficou alguma dúvida? Entre em contato com a gente!!!
Um Feliz Natal e excelente ano novo!
Eng. Luiz Eduardo Antinossi Pereira