Agora que já sabemos que o peso (a massa) não é importante para o cálculo de rendimento de um selante, como fazer para saber quantos tubos ou sachês você irá gastar em uma determinada obra?
Simples! Acredite.
Apesar de simples, entendo que alguns conceitos são cruciais. Precisamos aqui lembrar um pouco da nossa amiga matemática de primeiro grau e do Sistema Internacional de Medidas.
Como falamos no post anterior, o volume é o que interessa para nós quando se fala em selantes, então precisamos entender melhor o que é esse volume e como calcular já que muitas vezes os projetos aparecem em metros quadrados de fachadas, ou em metros lineares de junta.
E aí? Como fazer medidas diferentes ficarem tangíveis? Vamos calcular em “m”, “m²” ou “m³”? Ah, metro linear não é “ml”!!!! Já vi muita gente boa colocando “ml” como se fosse unidade abreviada de metro linear. Que fique claro que “mL” (e com letra maiúscula no L) é mililitro. O metro linear é simplesmente “m”.
Voltando ao foco, daí vem a necessidade de se entender sobre tudo isso. Quando recebemos um cartucho de silicone que tenha 280mL (mililitros) em volume, conseguimos fazer sua conversão para m³. E isso é possível porque m³ também é uma unidade de volume. O problema é que 280mL equivalem a 0,000280m³. Aí a conta fica mais difícil por termos de trabalhar com casas decimais. Por isso, podemos transformar 280mL em 280cm³ já que 1cm³=1mL. Assim a conta ficará fácil.
Se tivermos uma junta de 1cm de largura por 0,5cm de profundidade, e quisermos saber qual será o rendimento deste meu selante de 280mL, como fazer?
Primeiramente temos de calcular a seção transversal da junta, ou melhor a área formada por largura e profundidade:
Figura 1: Imagem da seção transversal de uma junta. Fonte: Fermé e Oliveira, 2003
1cm x 0,5cm = 0,5cm² (Multiplicação de potências de mesma base – soma-se os expoentes 1+1=2)
Portanto, temos uma seção de 0,5cm².
Para eu saber o rendimento do selante, ou melhor, quantos metros ele será capaz de preencher essa seção, basta:
280mL = 280cm³
280cm³ = 560cm (Divisão de potências de mesma base – subtrai os expoentes 3-2=1)
0,5cm²
Portanto, um tubo de 280ml vai render 5,6m para uma junta de 1cm x 0,5cm.
Vamos para outro exemplo:
Suponhamos que um projeto nos diga que temos 1200metros de junta a ser selada e que a largura da junta é de 15mm e sua profundidade é de 8mm. Quantos tubos de 300ml e quantos sachês de 600ml serão utilizados?
Agora temos uma situação bem próxima da realidade. Primeiramente, temos de analisar que temos várias unidades diferentes. Precisamos converter todas para a mesma base para que as contas fiquem mais fáceis e o resultado seja coerente.
Como sabemos que o volume em ml tem sua equivalência em cm³, converteremos todas as medidas para a base do centímetro.
Portanto, onde o projeto informou que temos 1200 metros de juntas, já faremos sua conversão para centímetro:
Como 1m = 100cm, logo, 1200m = 120000cm.
Em relação a largura e profundidade da junta, as medidas foram dadas em milímetros. Faremos também a conversão para centímetro.
Como 1mm = 0,1cm, logo, 15mm = 1,5cm e 8mm=0,8cm.
Agora que já fizemos a conversão de todas as unidades que nos foram dadas, vamos calcular qual é o volume total que essa obra vai demandar de selante.
Para isso, precisamos multiplicar a largura da junta pela profundidade pelo comprimento:
120000cm x 1,5cm x 0,8cm = 144000cm³
Agora que sabemos o volume total, vamos primeiro descobrir quantos tubos 300ml gastaríamos para preencher esse volume:
300mL = 300cm³
144000cm³ = 480 tubos (cm³ dividido por cm³ é adimensional, ou seja, nos deu o nº de tubos)
300 cm³
Como o sachê de 600mL tem o dobro de volume do que o tubo é de se esperar que a quantidade cai pela metade. Vamos verificar:
600mL = 600cm³
144000cm³ = 240 sachês (cm³ dividido por cm³ é adimensional, ou seja, nos deu o nº de sachê)
600 cm³
Fazendo sempre as contas dessa maneira e convertendo as unidades antes de começar fica simples de calcular o rendimento.
Caso tenha ficado alguma dúvida, entre em contato comigo através do
luizeduardo@dvflex.com.br
Conte sempre conosco,
Eng. Luiz Eduardo Antinossi Pereira
Referências:
FERME, L. F. G.; OLIVEIRA. P.S.F. A escolha correta garante a durabilidade. In: XII Simpósio Brasileiro de Impermeabilização. IBI - Instituto Brasileiro De Impermeabilização. São Paulo, 2003